segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A dor e a delícia de amamentar!

Hoje, quero falar sobre um assunto que me deixa brava e um pouco indignada.
Quero falar a respeito do aleitamento materno.
Antes disso, devemos lembrar alguns de seus milhares de benefícios: as chances de depressão pós parto são reduzidas, já que cria-se um vínculo muito forte entre a mãe e o bebê; o útero volta ao seu tamanho normal mais rapidamente após o parto e as chances de cancêr de mama e de ovário são reduzidas. O bebê fica imune a diversas doenças e sua resistência é muito maior a um bebê que não é alimentado através deste meio. Enfim...ficaríamos horas e horas relatando cada vantagem...mas creio que todas as mamães já devem estar cansadas de saber disso.
Portanto, vamos ao ponto.
Vejo nitidamente, dia após dia, que o aleitamento materno, não é mais valorizado pelas mamães e tão pouco pelos pediatras. Hoje em dia, amamentar no peito exclusivamente até os 6 meses de vida do bebê é algo banal.
As mulheres esquecem suas origens. Esquecem de onde vieram.
Todos nós, seres humanos, somos denominados mamíferos, que segundo os dicionários tem por definição "seres que possuem glândulas mamárias e alimentam suas crias".
Pronto! Não precisamos de mais nada para acreditarmos em nosso potencial de produzir leite, não é mesmo?
Infelizmente, as coisas não são assim tão simples.
Andei lendo por aí, que a "espécie humana é a única entre os mamíferos em que
a amamentação e o desmame não são processos desencadeados
unicamente pelo instinto".
Ainda na maternidade, dividi o quarto com uma outra mãe que a meu ver, tinha preguiça de cuidar de seu filhote.
Um bebezinho que acabou de nascer está faminto, mas também está com muito sono. Sem contar, toda dificuldade que um recém-nascido tem para se alimentar nas primeiras vezes.
A tal mãe da maternidade, não conseguiu na primeira, nem na segunda e desistiu. Chamou a enfermeira e pediu uma mamadeira cheia de complemento para que o bebê pudesse se alimentar. E enquanto ela descansava, o bebê mamava com o pai ou com a avó!
Isso me deixava revoltada, tinha vontade de dar na cara dela! Folgada! Pra fazer o filho ela não teve preguiça né?!
Enquanto isso, eu continuei na minha luta e nas 48h que estive no hospital, fui a paciente mais chata. Chamava as enfermeiras todas as vezes que o Miguel queria mamar, porque eu sozinha não dava conta de faze-lo pegar meu peito. Tinha muito medo de que meu peito ficasse ferido e eu não pudesse mais alimentá-lo, então, fiz que fiz até conseguir entender como era a tal "pega" correta que o neném deveria fazer.
Mas, a preguiça não é só da parte das mães não, muitas enfermeiras que estavam no hospital, não faziam questão nenhuma de nos ajudar e ensinar.
Mas para mim, isso não foi um problema. Eu levantava, as 4h da manhã e ia até a sala das enfermeiras, com o Miguel berrando pelos corredores e pedia que elas me ajudassem.
No primeiro dia após seu nascimento, fizeram um teste de glicemia no Miguel e viram que a taxa de açúcar estava baixa e a enfermeira simplesmente, com essas palavras, me disse: "Vamos ter que levar o seu bebê pra tomar uma mamadeirinha de complemento". HA HA HA pra ela! Quero ver quem vai tirar ele do meu colo. Foi exatamente o que eu respondi pra ela.
Peguei minha cria, saí do quarto, achei um corredor silencioso e comecei a chorar, tamanho o cansaço do momento e conversei com o Miguel. Disse pra ele que nossa batata tava assando e que a gente tinha que se entender. Eu estava ali, pronta pra ele e ele pronto pra mim. E aí, conseguimos chegar a um resultado juntos. Ele mamou super bem, e o próximo exame de glicemia já indicava melhora.
Depois disso, as coisas ficaram difíceis.
Realmente, é muito complicado se manter firme na amamentação. Querendo ou não, estamos falando de algo cansativo, que consome nosso tempo e nossas energias.
O Miguel sempre foi guloso. No primeiro mês, eu parecia uma árvore plantada na minha sala. Ficava praticamente o dia todo dando "mama".
Ele mamava por 1 hora, dormia e acordava várias vezes, e depois era aquele longo processo de meia hora pra arrotar. Nessa meia hora, quando dava 29min, ele acordava e queria mamar outra vez. E ficava por mais uma hora no peito. Depois arrotava, e quando eu colocava ele no berço, ele acordava e queria mamar mais uma vez...e era assim que eu passava meus dias. Aniquilada.
Não conseguia levantar, me sentia fraca, sem energia, não tinha tempo pro comer, tomava banho de gato (infelizmente ainda não posso me dar ao luxo de um banho longo...) e dependia 100% do meu marido para que eu pudesse tomar um copo de água.
Tenho certeza que é nesse momento que a mulher desiste de amamentar. A mãe fica desesperada, parece que não teremos mais vida fora a amamentação...
Mas, existe uma boa notícia nisso tudo...depois de um tempo passa. O bebê se acalma, começa a ficar saciado por mais tempo, não sente aquela fome monstruosa e começa a te olhar enquanto você o amamenta...e aí minha amiga, começam as alegrias.
Perder horas do seu dia, olhando seu pequeno mamar não pode ser considerado uma perda!
É um momento único.
Falava para o meu marido que eu queria muito que ele tivesse a oportunidade de dar mama uma única vez para sentir a alegria que é. Para ver o bebê daquele angulo, daquela distância, que só as mães tem o privilégio de ver.
Quem me conhece, acha mesmo que eu desistiria? Acha mesmo que eu pararia de amamentar por exaustão?
Hoje, o Miguel mama em intervalos maiores para se alimentar. Mas, não nego o peito nos outros momentos.
Ele mama quando tá com sono, quando tá entediado, quando tá com sede, quando tá bravo...enfim, mama a hora que ele quer e o tanto que ele quer...e pasmem, isso não me causa mal algum!!
Não fico mais cansada por isso...pelo contrário, prefiro que seja assim do que ter que ficar olhando em relógio, preocupada com horário, quantidade, peso...isso cansa muito mais!
Sabe, não quero julgar as mães que não amamentam exclusivamente de leite materno. Sei que cada uma tem seu motivo, suas dores, suas dúvidas e principalmente seus péssimos pediatras.
Hoje em dia, é muito mais fácil pra todo mundo, se basear em uma escala de peso, baseada em nada, e acreditar que nossos bebês não são capazes de ganhar peso com o nosso leite.
Poxa mulherada, tá faltando a gente acreditar no nosso potencial, não é mesmo?!
Na minha mera opinião, não existe leite fraco, não existe pouco leite. Existem mães que ainda não conseguiram se sintonizar com seu filho para poder saber o que ele realmente necessita.
Ouço muito dizerem que o bebê chorava muito, porque o peito tava murcho e não tinha leite. Esse é o maior mito que rola entre as lactantes. O leite, é produzido enquanto o bebê mama. E quando o peito está cheio isso é apenas 25% do leite que o bebê irá consumir. Os outros 75% é produzido durante a mamada, com o peito murcho.
Existem estudos que relatam que apenas 2% das mulheres não podem amamentar MESMO, DE VERDADE! Por algum problema que realmente existe.
Passo a noite inteira deitada de um mesmo lado e quando o Miguel quer mamar, dou o mesmo peito pra ele. Por várias vezes, a noite inteira. Acordo, com o peito caído lá no meu joelho e se eu der outra vez ele mama sem problema nenhum!
A produção não para mulherada!
Voltando aos pediatras, hoje estive no meu.
Falei pra ele que estava desesperada que minha licença maternidade está terminando este mês e que terei que voltar ao trabalho e que não quero parar de amamentar. E ele disse com a maior naturalidade que era só eu tirar o leite e dar na mamadeira.
Desculpa doutor, mas isso não é natural pra mim! Não vou dar mamadeira, não vou incentivar meu filho a um desmame precoce.
É muito difícil para eles pedir que a mãe alimente o bebê através de um copinho, ou uma colherzinha, ou qualquer outra coisa que não tenha um bico e confunda a cabeça do bebê e facilite sua vida fazendo com que ele prefira aquele bico?
Enfim, minha revolta se dá, não por aquelas mães que garantem ter algum problema para amamentar seus filhos (mesmo que não tenham) e esses já estão 100% adaptados a nova vida sem "teta". Fico triste, com aquelas mãezinha que querem muito amamentar, que choram todos os dias porque tomaram alguma decisão baseada na opinião de um pediatra mal informado e hoje não conseguem amamentar seus filhos de apenas 3 meses de vida. Fico chateada, porque elas dão o sangue, passam 24h tentando mil maneiras de fazer o bebê pegar o peito enquanto o pequeno só quer saber de mamadeira e chora de raiva quando a mãe tenta dar o peito...Isso sim me magoa. Tenho vontade, de pegar o bebê pra mim e eu mesma amamentá-lo pra ver se resolve!
Mas, como isso não é possível, só me cabe tirar disso tudo algumas lições...
Primeira delas: Não existem regras. Cada bebê é de um jeito e cada mãe descobre com os dias como lidar com seu filho.
Depois disso, devemos sempre lembrar de três palavras que me dão força até hoje nos momentos de cansaço: amamentar é questão de DEDICAÇÃO, PACIÊNCIA E AMOR! E isso infelizmente é para poucos!
E por fim, devemos sempre ver o lado positivo da amamentação. O lado delicioso de sentir o cheirinho do seu filho, o lado saboroso de vê-lo mamar com tanta vontade e o lado satisfatório de ver o quando vocês precisam um do outro.
Hoje, o Miguel está com 3 meses e 6 dias, pesando 7150 kg e com 64 cm. Mama exclusivamente o meu leite. Meu potente leite materno!
E meu coração está partido em saber que daqui 3 meses ele passará a se alimentar com frutinhas papinhas e não mais somente no peito...se eu pudesse, daria mama pra ele até os 25 anos...rsrs...


Esse olhar não tem preço!


Recomendo o texto a baixo:

http://www.scielo.br/pdf/jped/v80n5s0/v80n5s0a06.pdf

Beijos

Um comentário:

  1. Perfeito Má, adorei!
    Concordo com tudo, acho que as mães de hoje tem preguiça de cuidar dos seus filhotes, querem dormir por mais horas (aí dão a mamadeira a noite), acham que tem pouco leite, e correm mesmo ao LA... E o pior é que MUITOS pediatras seguem essa linha... Mas fico feliz em saber que aindam existem mães que partilham da mesma opinião que a minha, fomos criadas para criar e alimentar nossos filhotes é a natureza.
    Acalme seu coração, vc vai encontrar a melhor solução para vc e o Miguel na volta ao trabalho...
    Beijinhos em vocês

    ResponderExcluir